Não quero encher seu saco dramatizando uma idade que não tenho. Eu sei, tenho "apenas" 30 anos, muito o que viver e blá, blá, blá. Mas essa semana fiquei pensando na velhice, em como é envelhecer, o que isso nos traz, como isso nos afeta, que tipo de vida podemos levar quando a idade apavora.
Duas coisas provocaram essa (quase) reflexão: uma senhorinha que esperava por atendimento no consultório do cardiologista e meu tio Gilberto, que veio passear em Sergipe e teve um AVC. Foi aí que eu descobri que tenho mais medo da velhice do que da morte. A morte vem, pronto. A velhice, talvez venha. E se vier, como será?
Pois bem. Essa senhorinha tinha uns 85 anos e era tão fraquinha, mas tão fraquinha. Fiquei assustado. De que adianta chegar aos 85 e não conseguir andar sozinha, não conseguir ficar 5 minutos no consultório médico sem dormir, não conseguir controlar os próprios flatos? Medo. Pelo menos ela tinha a filha para ampará-la. E os que não têm?
Mas isso nem é o pior, pelo menos para mim. O pior é o balanço inevitável que a gente faz da vida. Será que fiz tudo o que podia realmente? Será que valeu a pena? Fui feliz? Fiz os outros felizes? Qual o saldo?
E então você se dá conta de que não tem muito tempo pra desfazer ou fazer de novo as coisas que não fez direito. Você está morrendo. Eu sei que estamos todos morrendo, mas é diferente essa noção aos 85 anos. Minha avó tem 85 anos, tá durinha e tal. Mas ela sabe que não deverá ter nem mais 10 anos de vida, pela média. É desesperador, não?
Dizem que o corpo vai se preparando para morrer à medida em que envelhece. E a cabeça, acompanha? Não deve ser desesperador você ter o que dizer, querer fazer e não ser mais levado a sério só porque está velho? Ou então porque o que você diz não "combina" com sua cara enrugada?
É isso. Meu tio tem seus 82 anos e há 30 não escuta. Ele já tinha uma perda auditiva moderada, mas ficou em estado de choque quando sua filha morreu de parto e ensurdeceu de vez. Vai saber, né? Aí ele resolve vir a Aracaju e sofre um AVC. Pronto. Surdo, com um lado do corpo tremendo. Quem quer viver assim? Ele quer. Ele não desiste. Uma coisa meio José de Alencar.
E eu, do "alto" dos meus 30 anos, estou reclamando de quê? Fiz uma bateria de exames agora e está (quase) tudo normalíssimo. Tenho saúde, inteligência, família, amigos, alguma disposição para a vida. Aliás, acho que é isso que falta. Mais disposição para a vida. Olho para os 30 anos passados e penso que não fiz muita coisa. O que vou fazer com os 30 que virão? Virão mesmo? Melhor correr e aproveitar agora...
23 de outubro de 2010
9 de outubro de 2010
Tempos bicudos
A coisa tá difícil
É um pega-pega
Um passa ou repassa
Um traça-repassa
Um vai-e-vem
Uma confusão
Uma incerteza
Uma dúvida misturada com angústia
A coisa tá complicada
É um tal de sei-não-sei
Vou, talvez
Quem sabe um dia
E a alegria?
É só fantasia?
Mas que agonia!
E agonia para quê?
A coisa tá confusa
João Ubaldo diria: bicuda!
Mas e o que fazemos?
Para quê fazemos?
Para quem fazemos?
Por que queremos?
Desde que amemos
A correria vale o tempo que perdemos?
É um pega-pega
Um passa ou repassa
Um traça-repassa
Um vai-e-vem
Uma confusão
Uma incerteza
Uma dúvida misturada com angústia
A coisa tá complicada
É um tal de sei-não-sei
Vou, talvez
Quem sabe um dia
E a alegria?
É só fantasia?
Mas que agonia!
E agonia para quê?
A coisa tá confusa
João Ubaldo diria: bicuda!
Mas e o que fazemos?
Para quê fazemos?
Para quem fazemos?
Por que queremos?
Desde que amemos
A correria vale o tempo que perdemos?
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