28 de julho de 2010

Amizade não é isso...

O que você acha que é amizade? Como você traduziria essa relação? É um sentimento? São atitudes? Pois bem. Para ajudar na definição, vou tentar fazer uma breve lista do que não é amizade e, assim, por eliminação, quem sabe cheguemos à conclusão sobre o que de fato ela é.




Responder à pergunta "tô bem assim com essa roupa?" com um sincero não. Amizade não é isso.

Ter a coragem de dizer que o cara por quem ela está se apaixonando não serve e ainda deixar nas entrelinhas que ninguém é bom o suficiente pra ela. Amizade não é isso.

Atender a um telefonema às 2h da manhã e desabafar até as 4h? Amizade não é isso.

No outro dia ligar às 6h e ficar ao telefone até as 9h? Amizade não é isso.

Assumir que, às vezes, gostaria que os gatos que ela tanto ama nem existissem. Amizade não é isso.

Querer comemorar o aniversário do outro durante três dias consecutivos. Amizade não é isso.

Fazer a pessoa retroceder de um sonho dizendo que "às vezes é preciso dar dois passos para trás para, depois, conseguir dar três adiante". Amizade não é isso.

Provocar, ainda que sem querer, o ciúme de todo - ou quase todo - namorado que ela possa ter. Amizade não é isso.

Partir, andar, virar, mexer e voltar depois de meses ou anos como se tivessem se visto ontem. Amizade não é isso.

Ligar desesperado para falar de seus problemas e acabar consolando o outro. Amizade não é isso.

Defendê-la, ainda que saiba que, no fundo, ela poderia ter feito diferente, só para não dar ousadia a quem não merece. Amizade não é isso.

Fazê-la rir e chorar com a mesma facilidade. Amizade não é isso.

Ok, mas se amizade não nada disso, o que é então? Olha, eu posso até não saber. O que eu sei mesmo é que tudo isso aí em cima é AMOR, daquele dos bons, de alma gêmea.

Pelo menos temos um ao outro, não é, Kady?

Feliz 30! Seja bem-vinda ao lado de cá da montanha.

26 de julho de 2010

"Humano, demasiado humano"

Eu queria entender porque as celulites que todo mundo já sabia que a Carolina Dieckman tem e a gente até já tinha visto viraram notícia de novo. Alguém aí conhece uma mulher que não as tenha? É escárnio, né? É o conforto de saber que alguém considerado de alguma forma um modelo tem os mesmos defeitos que a gente.

Mas alguém aí acha que os nossos modelos não tem (sem acento mesmo, viu?) os defeitos que a gente tem? Tem, gente. Isso é óbvio. Podem tê-los em menor ou maior quantidade, mas os tem. Fato. Ok, eu não disse nenhuma novidade até agora. Mas se as celulites da Carolina também não são novidade, por que elas figuram entre as celulites mais lidas da globo.com?

Não há nada de bizarro, não há nada de anormal, não há nada de nojento, não há nada de esquisito. Elas estão lá, como estão nas pernas/bundas de TODAS AS MULHERES DO PLANETA. "Humano, demasiado humano", já diria Nietzsche, que nunca foi casado, mas deve ter conhecido pelo menos as celulites de sua irmã, Elizabeth.

Pois então se somos humanos, demasiado humanos, deve ser por isso que temos algum mórbido prazer de ver a desgraça alheia, a infelicidade do outro. Em algum nível, todo mundo sentiu, sente e sentirá esse prazer: o de rir da dor do outro. Tudo bem que as celulites de Carol - intimidade dá pra fingir sim, viu, Zélia Duncan? - não devem doer nela. Mas apontá-las fazendo disso motivo de chacota talvez a incomode.

Então o exercício do dia de hoje, para mim, é o de tentar ser feliz com a felicidade do outro. Não para convencer os outros de que sou uma pessoa boa, mas para tentar, de alguma maneira, ser essa tal pessoa boa que eu não sou na essência. Sim, porque ninguém é lá muito bom na essência e a crueldade infantil que a gente se esforça pra abandonar quando cresce é prova disso.

25 de julho de 2010

Eu, um ser social?

Por que eu passo o dia inteiro tuitando e não tenho coragem de sentar na sala pra bater papo com minha mãe, hein? Fico trancado no meu quarto, esperando encontrar não sei o quê na net. Aí comecei a pensar: por que eu preciso passar o dia - especialmente o domingo - nas mídias sociais (twitter, facebook, orkut...)?

Pensando bem, não preciso. Mas é mais confortável. Aqui eu incomodo praticamente sem ser incomodado, arrisco dizer coisas que talvez não diga pessoalmente pra ver quem se interessa por elas. Sim, porque um reply significa que, no mínimo, a pessoa me leu e aquilo causou nela alguma sensação de que eu merecia uma resposta.

Eu faço terapia há quase dois anos e essa é uma das perguntas que vão e voltam constantemente. (É o quê? Não parece que faço terapia? Mas faço, viu?) Por que essa dificuldade de ficar sozinho, mesmo trancado no meu quarto?

A amiga, vocês sabem que me refiro à Cibereza, uma das personalidades de @kadydja aqui na web, uma vez me disse que a felicidade pode estar na nossa capacidade de gostarmos da nossa própria companhia. Eu até gosto de estar comigo. Descobri um pouco mais sobre isso na viagem recente que fiz a Buenos Aires sozinho.

Mas será que é isso mesmo? No fundo somos todos sós e procuramos desesperadamente por companhia para abrandar essa sensação? Olha, pra ser bem sincero, eu acho que a gente só se completa no outro. Nem tô falando isso no sentido romântico da coisa. Tô falando na vida como um todo.

De que adianta ser se ninguém sabe que você é? Vai dizer que o que importa é a paz interior? É, eu também acho. Mas até ela nos é dada, em algum limite, pelo outro. Então eu me conformo em saber que buscamos confirmar quem somos através dos outros. Ok, ponto pacífico. A gente nega, é até poético negar, mas é mentira. É o que eu acho.

É isso! Pronto. É por isso que passo horas e horas dos meus dias nas mídias sociais. Eu preciso me confirmar no outro e, para chegar ao meu objetivo, que é confirmar no outro apenas o que gosto em mim, fico em casa tuitando, facebookando e orkutando, e escondendo até de mim o que não gosto em mim. Ou, pelo menos, tentando.

Olha só, que prodígio! Fiz uma pergunta retórica no início desta divagação e, ao final dela, consegui uma resposta que apaziguasse esse coraçãozinho intranquilo que insiste em se perguntar "quem sou eu, de onde vim e para onde vou". Só por hoje.