23 de março de 2011

Do direito constitucional de ir e vir: estou preso.

Apesar do contexto oposto (quem viu o filme, sabe), esta é uma bela imagem para descrever as sensações abaixo...
Eu discordo do senso comum que me diz o tempo todo que eu só serei feliz no dia em que encontrar alguém para dividir a vida, somar as despesas e, quem sabe, compartilhar as angústias.

Eu me recuso a acreditar em Tom Jobim, com seu já cansado "é impossível ser feliz sozinho". Fico com o frescor de Marisa, a Monte, que canta a solidão tão lindamente e versa, aos quatro cantos, "vivo tranquilo a liberdade que me faz carinho".

Eu protesto contra quem acha que as frustrações que eu vivi no passado não pode me impedir de viver novas emoções no presente. Podem, sim! Oxente! Que história é essa? Eu tenho todo o direito de bloquear meus sentimentos para evitar sofrimento.

Eu detesto os que acreditam que, somente arriscando a saúde do próprio coração e vivendo emoções fortes, é possível ter histórias para contar, boas ou más, sempre intensas.

Eu rechaço qualquer discurso que tente me convencer de que eu, minha família, meus amigos e minhas coisinhas não me bastam. Bastam. Podem bastar. Depende do que eu sinta que me faz feliz.

Contudo, eu defendo, respeito, concordo, aceito, abraço e faço cafuné gostoso na cabecinha cheirosa do meu direito de ir e vir. E é, sobretudo, para ele, que declaro meu amor.

Infelizmente, meu direito de ir e vir está cerceado. Por mim mesmo, que não consigo sair do meu 'cercadinho da independência' para descobrir: quando foi que eu desci do muro e escolhi o lado dos que acham que é perigoso demais amar? E por quê?