Lembra do tempo em que você queria sumir, dar uma pausa no ônibus do mundo e descer? Lembra de quando preservar a sua vida particular era das coisas mais caras à sua existência? Pois é, se você lembra dessas coisas com alguma saudade, isso significa que você faz parte do pedaço do mundo que, assim como eu, não nasceu imerso no mundo digital, mas tenta a todo custo se acostumar a ele.
A tendência hoje é colaborar compartilhar até os detalhes mais íntimos de sua rotina em lugares virtuais como o Facebook e o twitter, e dizer onde você está estudando, comendo, trabalhando ou se divertindo tem sido cada vez mais importante no mundo online.
Geolocalização. Esta parece ser a maior e mais relevante onda online do momento. "With fousquare you can unlock you world and find hapiness just around the corner". Em uma tradução livre, a frase de apresentação do vídeo do foursquare seria algo como "Com foursquare você pode destrancar o mundo e encontrar felicidade apenas ao virar a esquina".
Mas dizer onde está apenas por dizer não parece tão interessante. Mais do que isso, o que importa na geolocalização é aprender mais sobre cada lugar onde se está, tornar-se referência e conquistar e exercer influência cada vez maior a partir da sua opinião.
Com o foursquare, por exemplo, mais de 7 milhões de usuários em fevereiro deste ano já podiam conquistar "badges" a cada visita e "check-in" realizados num determinado lugar. O sistema de recompensas é uma das regras básicas: se você frequentar muito o lugar, vira o prefeito, o que pode lhe render vantagens como bebidas grátis no bar, por exemplo.
Aplicativos mais recentes e de enorme sucesso como o de fotografias chamado instagram, por exemplo, não dispensam a geolocalização como ferramenta de identificação dos usuários, que atualmente já ultrapassam mais de 2 milhões de pessoas que, juntas, postam cerca de 300 mil imagens por dia.
Disponível apenas para iPhone, por enquanto (a versão para Android deve chegar em breve), o instagram se baseia no seguinte princípio: tire uma foto e compartilhe sua vida com seus amigos. Associado ao foursquare, você pode fazer check-in num determinado lugar, postar uma foto e fazer seus comentários a respeito.
O mercado publicitário está trabalhando para criar diferentes e lucrativos usos da geolocalização. A cervejaria Heineken, por exemplo, premia usuários que se cadastram no site heineken.nl e integram seu perfil ao foursquare da seguinte forma: a cada check-in em bares e boates que vendam a cerveja o usuário recebe pontos que, acumulados, podem lhe render itens de merchandising e até mesmo ingressos para shows patrocinados pela marca.
No Brasil, a Petrobras criou um aplicativo que identifica e localiza os postos de combustível BR mais próximos do cliente naquele momento. A possibilidade de usos da geolocalização parece ser infinita e, se ela crescer muito em 2010, os estudiosos desse fenômeno concordam que 2011 é o ano em que geolocalizar-se parece nunca ter feito tanto sentido. Estejamos atentos e ativos!
Rodrigo Rocha
É jornalista e especialista em Cibercultura
* Este texto é fruto da minha vontade de compartilhar um pedacinho do que vi no curso de Planejamento de Comunicação em Mídias Digitais do qual participei no início de abril/11, em São Paulo, na Jump Education.
22 de abril de 2011
23 de março de 2011
Do direito constitucional de ir e vir: estou preso.
Apesar do contexto oposto (quem viu o filme, sabe), esta é uma bela imagem para descrever as sensações abaixo... |
Eu me recuso a acreditar em Tom Jobim, com seu já cansado "é impossível ser feliz sozinho". Fico com o frescor de Marisa, a Monte, que canta a solidão tão lindamente e versa, aos quatro cantos, "vivo tranquilo a liberdade que me faz carinho".
Eu protesto contra quem acha que as frustrações que eu vivi no passado não pode me impedir de viver novas emoções no presente. Podem, sim! Oxente! Que história é essa? Eu tenho todo o direito de bloquear meus sentimentos para evitar sofrimento.
Eu detesto os que acreditam que, somente arriscando a saúde do próprio coração e vivendo emoções fortes, é possível ter histórias para contar, boas ou más, sempre intensas.
Eu rechaço qualquer discurso que tente me convencer de que eu, minha família, meus amigos e minhas coisinhas não me bastam. Bastam. Podem bastar. Depende do que eu sinta que me faz feliz.
Contudo, eu defendo, respeito, concordo, aceito, abraço e faço cafuné gostoso na cabecinha cheirosa do meu direito de ir e vir. E é, sobretudo, para ele, que declaro meu amor.
Infelizmente, meu direito de ir e vir está cerceado. Por mim mesmo, que não consigo sair do meu 'cercadinho da independência' para descobrir: quando foi que eu desci do muro e escolhi o lado dos que acham que é perigoso demais amar? E por quê?
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