23 de outubro de 2010

Solidão apavora? A velhice me assusta mais...

Não quero encher seu saco dramatizando uma idade que não tenho. Eu sei, tenho "apenas" 30 anos, muito o que viver e blá, blá, blá. Mas essa semana fiquei pensando na velhice, em como é envelhecer, o que isso nos traz, como isso nos afeta, que tipo de vida podemos levar quando a idade apavora.

Duas coisas provocaram essa (quase) reflexão: uma senhorinha que esperava por atendimento no consultório do cardiologista e meu tio Gilberto, que veio passear em Sergipe e teve um AVC. Foi aí que eu descobri que tenho mais medo da velhice do que da morte. A morte vem, pronto. A velhice, talvez venha. E se vier, como será?

Pois bem. Essa senhorinha tinha uns 85 anos e era tão fraquinha, mas tão fraquinha. Fiquei assustado. De que adianta chegar aos 85 e não conseguir andar sozinha, não conseguir ficar 5 minutos no consultório médico sem dormir, não conseguir controlar os próprios flatos? Medo. Pelo menos ela tinha a filha para ampará-la. E os que não têm?

Mas isso nem é o pior, pelo menos para mim. O pior é o balanço inevitável que a gente faz da vida. Será que fiz tudo o que podia realmente? Será que valeu a pena? Fui feliz? Fiz os outros felizes? Qual o saldo?

E então você se dá conta de que não tem muito tempo pra desfazer ou fazer de novo as coisas que não fez direito. Você está morrendo. Eu sei que estamos todos morrendo, mas é diferente essa noção aos 85 anos. Minha avó tem 85 anos, tá durinha e tal. Mas ela sabe que não deverá ter nem mais 10 anos de vida, pela média. É desesperador, não?

Dizem que o corpo vai se preparando para morrer à medida em que envelhece. E a cabeça, acompanha? Não deve ser desesperador você ter o que dizer, querer fazer e não ser mais levado a sério só porque está velho? Ou então porque o que você diz não "combina" com sua cara enrugada?

É isso. Meu tio tem seus 82 anos e há 30 não escuta. Ele já tinha uma perda auditiva moderada, mas ficou em estado de choque quando sua filha morreu de parto e ensurdeceu de vez. Vai saber, né? Aí ele resolve vir a Aracaju e sofre um AVC. Pronto. Surdo, com um lado do corpo tremendo. Quem quer viver assim? Ele quer. Ele não desiste. Uma coisa meio José de Alencar.

E eu, do "alto" dos meus 30 anos, estou reclamando de quê? Fiz uma bateria de exames agora e está (quase) tudo normalíssimo. Tenho saúde, inteligência, família, amigos, alguma disposição para a vida. Aliás, acho que é isso que falta. Mais disposição para a vida. Olho para os 30 anos passados e penso que não fiz muita coisa. O que vou fazer com os 30 que virão? Virão mesmo? Melhor correr e aproveitar agora...

6 comentários:

Jéssica Lieko disse...

Você me faz feliz! Quando olhar pra trás lembre disso, se ajudar... #lovY

Lícia disse...

Agora siim....adoro as coisas q você escreve...um dia espero meu livro de "crônicas reunidas"...:)

Kadydja Albuquerque disse...

Vou sugerir que você mude o nome do blog para 'TODO MUNDO SENTE ISSO!'. Muito bom ler seus devaneios. Melhor ainda é juntá-los com os meus...

Vamos viver essa vida, né? Nao tem jeito mesmo. Beijo!

José María Souza Costa disse...

Certa vez uma pessoa me perguntou: O que é a solidão? Muito bom o seu blog, estou aqui lhe convidando a visitar o meu blog e se possivel seguirmos juntos por eles Estarei grato lá lhe esperando
http://josemariacostaescreveu.blogspot.com

Anônimo disse...

http://xenofobianao.tumblr.com/

Carol Madureira disse...

Tenho 27 anos e o mesmo medo que você. Pra falar a verdade, acho que comecei a ter desde o dia em que fui diagnosticada como hipertensa, há uns 2 anos... como assim??? Isso não é doença de gente mais velha? Pensei. Se já estou assim nessa idade, o que me aguarda daqui a algumas décadas? rsrsrs
As dúvidas seguem e avida também. Beijo grande, meu querido! Adorei o Blog e super indico!