27 de novembro de 2006

conto do vigário

Casamento agendado e pago desde março, a noiva recebe com tristeza a notícia de que o padre da paróquia onde ela vai se casar decidiu fazer o encerramento de uma festa que ele criou e que não consta no calendário da Igreja bem na hora da cerimônia.

O cunhado do noivo, que é ministro da eucaristia na paróquia, soube da festa por acaso e avisou à esposa, que foi lá ver o que estava acontecendo.

- Mas padre, a missa vai estar lotada! Onde ficarão os convidados?

- Ela casará junto com a comunidade. Prometo fazer uma missa linda!

- Mas nós agendamos a data! Não haverá espaço. É um ritual diferente.

- Vocês não querem bênçãos, vocês querem é glamour! A Igreja é a casa de Deus, não fazemos negócio.

- O senhor acha que um casal que mora junto há mais de um ano, tem uma filha e sai de Brasília para casar aqui não quer bênçãos? Quer sim! E a igreja faz negócio. Se não fizesse, a gente não pagaria pelo casamento. O senhor celebraria tudo por amor.

Depois de muita conversa e algum choro contido, a missa da comunidade foi antecipada. "Isso é bom! A Igreja já estará decorada para o casamento", disse o padre.

Antigamente a Igreja Católica celebrava casamentos junto com as missas da comunidade. Com o aumento da demanda por casórios, a coisa mudou.

Não dá pra ser hipócrita e achar que o Catolicismo vai sobreviver graças à providência divina, mas talvez, e apenas talvez, possuir um sobrenome Alves, Rollemberg, Franco ou Maynard em terras sergipanas pudesse ter evitado certos aborrecimentos.

Um comentário:

Anônimo disse...

Esse caso não é o único. Outro padre, de uma conhecida paróquia da cidade, simplesmente se esqueceu do casamento e não apareceu na igreja na hora marcada. A família ameaçou procesar a igreja e ele, com a maior cara de pau, afirmou que tinha outro compromisso e que por isso havia esquecido o casamento. Apesar do transtorno, a boda só foi realizada quando a família ameaçou chamar a imprensa e pedir o dinheiro da missa de volta.
Já dizia um amigo meu: pequenas igrejas , grandes negócios. Para não devolver o dinheiro, o padre aceitou rezar a missa de cara amarrada.